Tradição comemorativa da visita dos Reis Magos, os Ternos de Reis, cuja origem se perde na poeira dos tempos, chegaram ao Rio Grande do Sul em 1732, com os colonizadores açorianos, segundo pesquisas feitas pelo folclorista João Carlos Paixão Côrtes.
A festividade também acontece em outros estados, onde foi sofrendo modificações, ampliadas com motivos folclóricos locais. A obscura origem dos Reis Magos tem desafiado pesquisadores.
Tom Henshaw, por exemplo, sustenta que eles eram "sacerdotes de uma religião oriental monoteísta, fundada mil anos antes por Zoroastro no planalto iraniano, muito a leste de Belém.
Os Magos eram particularmente versados sobre astrologia, daí o símbolo da estrela. Eram reis, ideia pela primeira vez sugerida pelo filósofo cristão Tertuliano, no século II. Esta ideia ganhou tal aceitação que os artistas da Renascença sempre os representaram em vestes reais, coroados e cercados por dezenas de servidores".
Conforme Paixão Côrtes, a própria palavra Mago era habitualmente a grandes filósofos e sábios. "Neste sentido, Baltazar, Belchior e Gaspar o eram, pois reconheceram o Menino Jesus como o salvador da humanidade. Até mesmo não se sabe ao certo qual era o número de Magos que acompanhava a caravana", acrescenta.O folclorista explica que, segundo a tradição, o ciclo natalino começa no dia 24 de dezembro e segue até 6 de janeiro, Dia de Reis. Neste período, os grupos musicais anunciam, de casa em casa, o nascimento do Salvador.
Normalmente, a visita acontece à noite. A residência visitada deve estar com portas e janelas fechadas.
O Terno se aproxima em silêncio, começa a cantar versos de saudação e pede permissão ao dono da casa para entrar.O ritual inclui quadras de entrada, dos pastores, reis e oferendas.
A visita é encerrada com os versos de despedida. Durante dez anos, Paixão Côrtes recolheu mais de 3 mil quadras, como os versos de despedida que transcrevemos.
É variável o número de participantes de um Terno, pois nem sempre os cantadores são também instrumentistas.
Isso implica maior divisão das funções.
Em território gaúcho, a tradição é preservada em dezenas de municípios. Entre eles alguns da faixa litorânea, de Torres a Rio Grande; da região Lacustre e da área ribeirinha dos rios que formam o estuário da Lagoa dos Patos. Na Serra, destaca-se o Terno da Família Seibt.
Meu senhor dono da casa
A todos peço perdão
Para ir a outra parte
Decantar a adoração
Vamos dar a despedida
Como deu Cristo em Belém
Este Terno se despede
Até o ano que vem
Crédito: ACERVO PAIXÃO Cõrtes /
Correio do Povo/ PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE DEZEMBRO DE 2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário