domingo, 7 de fevereiro de 2010

No tempo do charque

O gado e os produtos dele derivados foram durante dois séculos a principal riqueza gaúcha, que impulsionou sua economia e serviu de base para uma incipiente indústria.Após a expansão da pecuária nos vastos rincões rio- grandenses a partir das Missões e depois
que as tropeadas levavam bois e cavalos para São Paulo, alguns pioneiros passaram a explorar essa riqueza no próprio Rio Grande.
Tudo começou por volta de 1779,quando José Pinto Martins, cearense de descendência portuguesa, mudou-se para Pelotas e ali, às margens do Arroio Pelotas, fundou a primeira charqueada.
Esses estabelecimentos se converteram na alavanca da economia e se constituíram na principal atividade e fonte de riqueza da Capitania e, depois, da Província e do Estado.

Foi em torno do charque que girou a própria história gaúcha do século 19. Um viajante alemão, Avé-Lallemant, que esteve em São Leopoldo em 1858, registrou entre outras atividades da cidade, numerosos estabelecimentos que lidavam com os derivados do couro, numa espécie de antecipação do que seria uma importante indústria da região no século 20.
Em 1858, havia 60 curtumes, 41 selarias ,duas fábricas de chapéus, 30 fábricas de tamancos numa São Leopoldo que não tinha mais que 15 mil habitantes.
O charque perdeu terreno com a chegada dos frigoríficos, já no século 20.
Mas o couro e a lã mantiveram-se como insumos de indústrias importantes.

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